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Como Treinar o Seu Dragão | Crítica sem spoilers

  • Foto do escritor: T.J. Nunes
    T.J. Nunes
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura

Como lidar com um mundo que exige que você seja algo que não é? Essa é a principal pergunta que move Como Treinar o Seu Dragão, remake live-action da animação homônima lançada em 2010. Baseado na série de livros de Cressida Cowell, o filme chega aos cinemas em Junho de 2025 com a missão de reapresentar uma história já conhecida a uma nova geração. Muito se comentou sobre a necessidade de um remake de uma animação com apenas 15 anos, mas é importante lembrar que o público-alvo deste novo filme é o infantil-juvenil, que talvez nunca tenha tido contato com a obra original. Além disso, essa produção segue uma tendência clara das grandes produtoras, adaptar seus clássicos para o formato live-action.



Como Treinar o Seu Dragão é uma história sobre juventude, amadurecimento e a pressão por corresponder a expectativas. Trata da exigência de seguir um caminho pré-determinado, sem espaço para questionamento. E quando o jovem não consegue atender a essas expectativas? A resposta que recebe da sociedade é direta: “se vire”. Afinal, foi assim que os adultos aprenderam, então acreditam que os mais novos também devem passar pelo mesmo. Mas por que temos que seguir tudo da mesma forma? Esse impulso de rebeldia, não no sentido de desordem, mas de enxergar o mundo de outra forma, é o coração do filme. A descoberta do desconhecido, o desejo de explorar o que ninguém nunca questionou, é o que move a narrativa.



Essa energia jovem, pronta para romper com o imutável, é o que dá vida ao longa. Enquanto os adultos aceitam a realidade como ela é, os jovens, e aqui podemos citar principalmente Soluço, desafiam o status quo, o que muitas vezes os coloca à margem da comunidade que deveria acolhê-los. No fundo, Como Treinar o Seu Dragão não trata apenas de aceitação, mas de transformação. E transformar não significa sempre mudar para melhor ou pior, mas entender que nada é estático. A mudança nem sempre vem com respostas, mas com novas perguntas. Isso se reflete nos dilemas enfrentados por cada personagem da trama: Soluço, Astrid, Perna-de-Peixe, Melequento, Cabeça Dura e Cabeça Quente. A dualidade entre adaptação e questionamento é especialmente perceptível nos diálogos entre Soluço e Astrid. Enquanto ela segue o caminho de seus ancestrais sem desviar, Soluço tenta trilhar uma nova rota, buscando um espaço que seja verdadeiramente seu.



A história não traz grandes inovações na estrutura narrativa, mas isso não é um problema. O enredo é simples, mas nunca raso. Mesmo quem conhece bem a animação vai encontrar aqui uma nova experiência visual. O filme live-action segue de forma extremamente fiel a proposta original, inclusive com cenas replicadas quadro a quadro. Isso não soa como falta de criatividade, mas sim como respeito ao material original. A produção lida com temas importantes como confiança, comunidade, masculinidade, rejeição, relação entre pai e filho, perdão, redenção, deficiência com sutileza e sensibilidade. Nenhum desses tópicos é tratado de forma didática ou forçada, mas todos contribuem para a construção emocional do roteiro e enriquecem a experiência de quem assiste. O diretor e roteirista Dean DeBlois merece destaque por entregar uma obra que respeita a animação sem perder frescor.



O elenco é composto por Mason Thames, Nico Parker, Julian Dennison, Gabriel Howell, Harry Trevaldwyn, Bronwyn James, Gerard Butler e Nick Frost, nos papéis de Soluço, Astrid, Perna-de-Peixe, Melequento, Cabeça Dura, Cabeça Quente, Estoico e Bocão, respectivamente. Apesar das adaptações naturais de um live-action, todos os atores entregam performances consistentes e bem alinhadas com seus personagens. Destaque para Nico Parker e Gerard Butler, que incorporam com força emocional seus papéis, especialmente nas interações com o protagonista. E claro, Mason Thames, que parece ser a personificação de Soluço na vida real.



Os cenários são uma reprodução fiel da animação, vilas, penhascos, rochedos, florestas, tudo parece ter saído diretamente da versão de 2010. O uso de CGI é frequente, mas bem integrado. Em vez de atrapalhar, os efeitos visuais enriquecem a experiência, especialmente nas cenas aéreas com os dragões. O terceiro ato é um exemplo disso, acompanhamos múltiplos núcleos narrativos ao mesmo tempo, com clareza, ritmo e organização, sem cortes excessivos ou confusos. Os dragões também estão muito bem caracterizados, cada um com suas peculiaridades, texturas, escamas, chifres, tipos de fogo, mantendo a estética mais cartunesca da animação. O Fúria da Noite, o carismático Banguela, continua com a mesma personalidade brincalhona e expressiva. A interação dos atores com os dragões gerados digitalmente está excelente. A trilha sonora também se destaca, sabendo exatamente quando entrar e sair de cena, ajustando-se ao humor de cada momento, principalmente nos trechos mais épicos da jornada.



Sou suspeito para falar, Como Treinar o Seu Dragão é uma das minhas franquias favoritas da DreamWorks. Ver esse remake feito com tanto cuidado me trouxe de volta os sentimentos que tive ao assistir à animação original pela primeira vez. Mesmo contando a mesma história, mesmo replicando cenas quase quadro a quadro, a experiência continua emocionante. O filme aquece o coração, emociona e mostra que um remake pode ser bem-feito, fiel e, mais do que isso, pode apresentar uma história querida a uma nova geração. Para muitos, essa será a primeira experiência com Como Treinar o Seu Dragão, e isso por si só já justifica sua existência. E mesmo que pareça cedo para um remake de uma animação com 15 anos, o que importa é como essa nova versão mantém viva a essência do original, e a entrega com respeito e carinho. Não controlamos o mundo como ele é, mas precisamos ter coragem para transformá-lo. E talvez, ao questionar o que nos foi ensinado, consigamos encontrar uma forma diferente, e até melhor, de viver.




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