Ladrões | Crítica sem spoilers
- T.J. Nunes

- 31 de ago.
- 2 min de leitura

O que pode acontecer com um simples favor, como cuidar de um gato? Esse é o ponto de partida de Ladrões, lançado no Brasil em 28 de agosto, com direção de Darren Aronofsky e roteiro de Charlie Huston. A trama acompanha Hank Thompson, uma antiga promessa do beisebol que viu sua carreira ser interrompida por problemas do passado e acabou vivendo anos discretos em Nova York. O cenário é a cidade dos anos 90, intensa, multicultural, com aquele ar retrô que já carrega em si uma atmosfera de conflito e movimento constante.

Talvez o maior mérito de Ladrões esteja na construção dos personagens. Não há um sequer que pareça vazio ou artificial, todos transmitem a sensação de serem pessoas de verdade, com responsabilidades, desejos, medos e contradições. Huston merece elogios por escrever figuras tão críveis e humanas, capazes de prender o espectador mesmo quando a trama avança por caminhos mais previsíveis. A história se desencadeia quando Hank aceita cuidar do gato de seu vizinho Russ. O que ele não esperava era que o favor o colocaria em meio a problemas do crime organizado, envolvendo gente extremamente perigosa.

O filme carrega elementos típicos de histórias de gangues, reviravoltas, ameaças, perseguições, mas consegue equilibrar a tensão com o desenvolvimento emocional de Hank. É uma narrativa que, embora não fuja completamente dos clichês, mantém o público apreensivo junto ao protagonista, vivendo sua confusão e insegurança.

As atuações reforçam essa força dramática. Austin Butler entrega um Hank carregado de nuances, fazendo o espectador sentir suas dúvidas e escolhas. Zoë Kravitz traz intensidade e carisma em sua parceria com ele. Matt Smith, como o vizinho punk Russ, pode até passar um tempo fora de cena, mas retorna no momento certo para acender ainda mais o caos. Já Regina King encarna Elise Roman com uma seriedade magnética, funcionando como uma peça-chave no caminho de Hank. Todos os personagens parecem ter vida além da tela, mesmo os que não recebem tanto desenvolvimento, e isso se traduz em numa maior imersão na história.

Visualmente, Ladrões surpreende pela leveza. A fotografia aposta em cores puxadas para o realismo, sem exagero ou saturação, reforçando a dureza da vida de Hank e a atmosfera crua de uma Nova York cinzenta. Os momentos de maior calor visual surgem justamente nas relações humanas, como pequenos respiros em meio ao cinza. Mais do que um filme de ação, Ladrões é um suspense cru e pé no chão. Não há explosões hollywoodianas, mas sim violência seca e tensão constante. Ao mesmo tempo, há espaço para um humor sutil, que deixa a experiência mais leve e divertida.

No fim, Ladrões pode até não reinventar o gênero, mas entrega personagens fortes, uma narrativa envolvente e atuações marcantes. É um filme que vale a recomendação: prendeu minha atenção do começo ao fim e, principalmente, me surpreendeu. Fui sem grandes expectativas e saí do cinema genuinamente satisfeito, tendo me divertido mais do que imaginava.


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