Eli | Crítica
- Marcelo Neves
- 19 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de out. de 2019
A Netflix vive de altos e baixos, desde que outros serviços de streaming começaram a surgir, volume em vez de qualidade passou a ser algo comum, fazendo seus usuários terem que garimpar em seu catálogo para achar algo realmente bacana. Mas Eli é um dos casos de uma tentativa clara em tentar um bom acerto. E como estamos em outubro, já pertinho do halloween, a gigante realmente investe em filmes de terror para celebrar a festa.

O filme conta a história de Eli (Charlie Snotwell), um garoto que possui uma doença autoimune, fazendo com que ele não possa ter contato com nada no mundo, pois isso pode ser mortal a ele. Seus pais, Rose e Paul (Kelly Reilly e Max Martini, respectivamente), abrem mão de tudo para tentar um novo tratamento, levando-o a uma casa, onde a Dr.ª Isabella Horn (Lili Taylor) construiu lugar especializado para o tratamento. Mas, com decorrer do tratamento, a sanidade do garoto é colocada em teste, além de outras questões que o levam a crer que o lugar esconde algo assustador.
Logo na primeira cena do filme, ele apresenta algo interessante e bem construído, justamente para dar o tom da história e deixar claro quais são as limitações do garoto, numa cena curta, mas com muita tensão. E logo após essa cena, já entra outra que mostra um pouco da relação do garoto com um mundo agressivo e de pouca sensibilidade com pessoas que possuem necessidades especiais.

Assim, levando em conta a estrutura clássica de 3 atos, o filme começa muito bem, apresentando cada personagem de uma forma a deixar clara suas motivações, personalidades e caráter. Até aqui, não dá para fugir do óbvio, dando um ritmo lento à introdução, mas a direção de Ciarán Foy faz o óbvio de uma forma bem-feita, para que o espectador não fique incomodado com o ritmo deste ato.
Já no segundo ato, começamos a ver aquilo que gostamos neste tipo de filme: o suspense aumentando. Mas, apesar da transição dos atos nos entregar algo promissor, o ato em si deixa a desejar, subestimando o espectador e colocando uma série de elementos já vistos em outras obras, nos enchendo de clichês. Claro que usar clichês não é exatamente um demérito, pois, se bem executados, podem render algo muito bom. Porém, aqui não é o caso, alguns elementos funcionam bem, já outros caem para um óbvio pouco empolgante e terminam resultando um pouco na perda do interesse no filme.

Mas, também, é no segundo ato que temos a introdução de um elemento clichê, mas que funcionou muito bem: a visão de alguém de fora do problema. É nele que temos a introdução de Haley, vivida por Sadie Sink (a Max, de Stranger Things), que cria uma amizade com o protagonista e faz com que ele comece a duvidar de muita coisa ao seu redor. Algo que dá mais um gás para continuarmos a assistir ao filme. Além disso, é durante todo este ato que temos alguns jump scares bem produzidos, com jogos de câmera interessantes. Também outros desnecessários, que enfraquecem a trama, que segue bem, enquanto deixa a dúvida no ar de se tudo isso é delírio do garoto, um possível efeito resultante da medicação pesada que ele precisa tomar, ou se realmente algo sobrenatural está acontecendo ali.

E aí chegamos ao final do filme, o último ato. Confesso que tive muitos problemas com a transição do ato 2 para o 3, e em todo o desenvolvimento deste último ato. O filme cria algumas expectativas, não cumpre, muda o foco e criando um plot twist sem dar pistas no decorrer do resto do filme. Mais precisamente, ele dá uma única pista, mas que não tem força para justificar e fazer o expectador comprar a ideia dessa virada.
Falando mais precisamente do final... Ele é muito exagerado! A virada da história não possui pistas nos demais atos, que resulta na desconstrução de tudo que havia sido estabelecido, mas de uma forma não crível, muito forçada e que faz o filme perder toda sua força.

Não posso condenar completamente o filme, pois, tecnicamente falando, ele é bem produzido, com cenas esteticamente impactantes e boas atuações. Aliás, Charlie Snotwell está muito bem no filme, mostrando que é um ator que devemos ficar de olho. Mas, infelizmente, o filme deixa a desejar em vários aspectos, o que termina transformando o longa-metragem em apenas uma opção de passatempo para dar uns sustos em alguém e ser esquecido na próxima semana.


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