Karate Kid: Lendas | Crítica sem Spoilers
- Bruno Almeida
- há 5 horas
- 3 min de leitura

Karatê Kid: Lendas marca o encontro de duas figuras icônicas do cinema de artes marciais: Ralph Macchio e Jackie Chan. Sob a direção de Jonathan Entwistle e roteiro de Rob Lieber e Robert Mark Kamen o filme tenta unir diferentes gerações da franquia, conectando o universo clássico dos anos 80 com o remake de 2010, junto da recém finalizada série Cobra kai, apostando forte no fator nostalgia.

A trama acompanha Li Fong (Ben Wang), um jovem chinês com talento natural para o kung fu, cuja vida sofre uma reviravolta quando sua mãe aceita uma proposta de trabalho em Nova York. Em busca de um recomeço, os dois deixam a China levando não apenas lembranças dolorosas, mas também uma bagagem cultural que logo entra em choque com o novo ambiente. Enquanto tenta se adaptar à realidade norte-americana, Li acaba formando laços com um grupo improvável de novos amigos e incluindo o surgimento de um possível romance. Por lealdade a esses amigos e por circunstancias além de seu controle, ele acaba se envolvendo em uma competição local de artes marciais. É nesse ponto que o karatê entra em cena, trazendo de volta Daniel LaRusso (Ralph Macchio), que passa a treiná-lo ao lado do mestre Han (Jackie Chan), formando uma parceria improvável de senseis, ainda mais inusitada do que aquela com Johnny Lawrence (William Zabka) em Cobra Kai.

Ben Wang, ator em ascensão, entrega uma performance surpreendentemente cativante. Ele é o coração do filme com sua presença carismática e sincera, trazendo um frescor à franquia. A dinâmica entre Jackie Chan e Ralph Macchio funciona de maneira excepcional, e vê-los em cena juntos é, de fato, um presente para os fãs. Mais do que isso, a interação entre os dois mestres, com estilos tão distintos, o karatê Miyagui de LaRusso e a filosofia fluida do kung fu de Han, se revela um dos aspectos mais envolventes da narrativa.

As cenas de luta estão surpreendentemente bem coreografadas, com intensidade, realismo e uma energia que me deixou impressionado. Em alguns momentos, o nível técnico e a criatividade das coreografias superam de longe os embates vistos nos filmes anteriores da franquia e até da própria série Cobra Kai. É nesse ponto que o filme mais brilha, entregando sequências vibrantes que empolgam e capturam o verdadeiro espírito das artes marciais.

No entanto, Karatê Kid: Lendas acaba sendo um filme morno e genérico, não no sentido de ser mal desenvolvido, mas por seguir uma fórmula já saturada. A trama é totalmente previsível e repete elementos que já vimos não só nos filmes anteriores da franquia, mas também em inúmeros outros dramas adolescentes do gênero. Um protagonista deslocado, um rival agressivo, um romance no meio e o inevitável torneio que decidirá tudo. É quase como se estivéssemos vendo uma nova versão do primeiro Karatê Kid, apenas atualizada para agradar a uma nova geração.

Além disso, o ritmo da narrativa dá a sensação de pressa em alguns momentos. Algumas transições importantes acontecem de forma abrupta, como se o filme estivesse correndo contra o tempo. A duração curta, embora eficiente em evitar excessos, acaba prejudicando o desenvolvimento de certos arcos, personagens e relações que mereciam mais tempo de tela.

O elenco de apoio, com nomes como Ming-Na Wen e Joshua Jackson, entregam atuações competentes, mas sem espaço para brilhar. O roteiro parece ter medo de arriscar, optando por seguir caminhos seguros e já conhecidos. Ainda assim, a combinação de carisma do elenco jovem, mestres veteranos e boas coreografias resulta em uma experiência que, embora previsível, é divertida e nostálgica na medida certa.
Karatê Kid: Lendas não traz nada de inovador, mas oferece uma narrativa sólida, conduzida por personagens já conhecidos e por um novo elenco promissor. Funciona como uma ponte entre passado e presente e acenando para o futuro com respeito às suas raízes, mesmo sem ousar muito durante o percurso.


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