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Novocaine: À Prova da Dor | Crítica sem spoilers


Lançado em Março de 2025 nos cinemas brasileiros, Novocaine entrega um filme de enredo simples e funcional, mas nada original. Trata-se da velha história já contada em tantos outros filmes de ação, um homem aparentemente comum se vê diante de um acontecimento e, a partir da virada do primeiro para o segundo ato, começa a correr atrás de uma solução. O primeiro arco beira a mediocridade, e o segundo consegue ser ainda menos interessante. No entanto, vale destacar a premissa do filme. Guarde esse detalhe, pois voltaremos a ele no final da crítica.


A trama acompanha Nathan Caine, um bancário que leva uma vida pacata como gerente de uma agência no interior. Ele possui CIPA, uma condição genética rara que o torna insensível à dor, e é justamente esse detalhe que proporciona algumas das cenas mais inusitadas do longa. Ainda assim, os efeitos colaterais normalmente associados à dor, como tontura e desmaios, continuam presentes. Após alguns acontecimentos, ele conhece Sherry Margrave, dando início a um relacionamento que tenta, sem sucesso, gerar alguma profundidade dramática.



Jack Quaid interpreta Nathan Caine com competência, mas sem sair da zona de conforto, afinal, ele já está habituado a personagens desse tipo, como em The Boys. Amber Midthunder dá vida à Sherry, tentando expressar a complexidade emocional de sua personagem, mas esbarra em um roteiro raso e que não permite ir além da superficialidade. A personagem, na prática, é rasa como uma piscina infantil, não por culpa da atriz, mas pela falta de desenvolvimento no texto. Já Jacob Batalon, como Roscoe Dixon, o amigo virtual de Nathan, cumpre bem o papel de alívio cômico, entregando momentos divertidos, mas nada que fuja muito do que já fez nos filmes do Homem-Aranha. Limito-me a comentar apenas sobre esses três atores porque, honestamente, são os únicos que parecem realmente tentar entregar algo a mais, e, mais uma vez, a culpa não é do elenco, mas do roteiro, que ignora completamente a importância de personagens secundários.



A direção de fotografia é genérica ao extremo. Cenas mal montadas, cortes desnecessários, diálogos sem graça. O pouco interesse que resta vem da atuação dos protagonistas, e mesmo isso é sabotado por uma câmera que se recusa a tirar os dois do quadro, talvez por saber que o mundo ao redor é ainda mais desinteressante que os diálogos. A construção de universo é falha, inverossímil, e os personagens secundários são descartáveis. Policias despreparados, um roubo a banco com quase nenhuma consequência real, vilões caricatos, tudo isso torna difícil acreditar no mundo que o filme tenta criar.


E ainda que seja, antes de tudo, um filme de ação, e nisso ele é honesto, a tentativa de inserir elementos de comédia e drama fracassa. As cenas de ação até são bem coreografadas, e a condição do protagonista gera momentos curiosos e até divertidos. O problema é que, entre essas cenas, o filme tenta forçar um drama que simplesmente não existe no roteiro. A estrutura narrativa lembra um jogo: fase 1, algo acontece; fase 2, mais do mesmo; fase 3, repete. A motivação do protagonista é fraca, sua jornada é pouco crível e tudo depende de seu “superpoder” para enfrentar bandidos. Chega a ser ridículo ver vilões com suposta experiência militar agindo como se tivessem saído de Esqueceram de Mim, com a diferença de que os bandidos de Esqueceram de Mim eram bem mais interessantes.



Os vilões vão tomando decisões cada vez mais absurdas, mas isso parece ser uma escolha deliberada do roteiro. E aqui voltamos àquela premissa citada no início: Novocaine é, no fundo, uma sátira. Um filme propositalmente tosco, uma galhofa estilo Looney Tunes, com direito a casa cheia de armadilhas. Não é falta de criatividade, é uma proposta. E quando você percebe isso, o filme muda de figura. Não é para ser levado a sério. Ele é uma sátira dos filmes B de ação, que, mesmo longe de serem grandes obras de Hollywood, continuam sendo produzidos e consumidos. E nisso, Novocaine talvez seja até honesto.


O problema é que, mesmo sendo uma brincadeira, o filme se alonga demais. Tenta surpreender com eventos previsíveis e arrasta sua duração com novas “reviravoltas” que só pioram o ritmo. A cada nova tentativa de prolongar a história, o filme fica mais cafona, mais repetitivo e perde completamente o timing de encerramento.



Para concluir, mesmo entendendo e aceitando a proposta cômica de Novocaine, não dá para dizer que seja um bom filme , muito menos memorável. É verdade que existe um público que busca exatamente isso, um filme despretensioso, feito para passar o tempo sem grandes expectativas. E, nesse ponto, quem aprecia os clássicos filmes B de ação provavelmente não vai se decepcionar. O longa, ao menos, é honesto quanto à sua simplicidade e entrega algumas cenas de ação realmente interessantes, bem coreografadas e até criativas em certos momentos. Ainda assim, a sensação final é a de ter assistido a mais um exemplar genérico do gênero, onde o herói enfrenta tudo e todos em busca de seu objetivo. A expectativa era acompanhar uma história interessante, mas saí do cinema sem sentir absolutamente nada. Nenhuma empolgação, nenhuma frustração, apenas indiferença. E, convenhamos, esse talvez seja o pior sentimento que um filme pode provocar.




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