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Guerra Civil | Crítica sem Spoilers

Guerra Civil, o tão aguardado drama distópico de Alex Garland sobre uma América dividida por um conflito militar chega aos cinemas.

O que se espera de um filme de Alex Garland, o diretor experimental de Ex Machina, é sempre algo além do convencional. "Guerra Civil" não é exceção. Lançado nos EUA uma semana antes do Brasil, o filme já chegou gerando controvérsias.


A trama começa com o presidente (interpretado por Nick Offerman) ensaiando discursos enquanto se prepara para se dirigir à nação. Suas promessas de força e patriotismo são alternadas com imagens de notícias recentes e aparentemente autênticas: flashes de equipamentos de choque, policiais armados como soldados, civis em confronto contra escudos, corpos sendo arrastados. Garland, o roteirista e diretor, não se esforça para explicar detalhadamente sua narrativa distópica, deixando muito da história nas mãos do espectador, que preenche as lacunas conforme avança na trama.



A abordagem de Garland em não fornecer uma explicação detalhada sobre as causas da guerra civil é uma das principais características e pontos fortes da narrativa. Isso funciona porque a falta de clareza sobre os motivos específicos que levaram os Estados Unidos a se dividirem em três facções opostas permite que os espectadores compreendam a história de forma mais abrangente. A ausência de detalhes torna a trama mais acessível e compreensível, independentemente do nível de familiaridade do espectador com a política norte-americana. Na verdade, quanto menos se sabe sobre o contexto político atual, mais sentido a guerra civil faz. No entanto, quando se começa a analisar profundamente a lógica do conflito, a plausibilidade da situação torna-se menos convincente.



Nosso ponto de entrada na trama é Lee, uma veterana correspondente de guerra que testemunhou diversas atrocidades humanas, interpretada por Kirsten Dunst. Sua experiência a deixou insensível à violência e desiludida ao ver seu país mergulhar nos mesmos conflitos que presenciou no exterior. Lee é acompanhada por Joel, interpretado pelo brasileiro Wagner Moura, um jornalista independente que aparenta estar indiferente à violência ao seu redor. A dinâmica entre eles oferece uma leveza necessária em meio a uma história que, de outra forma, seria puramente comovente. Moura dá vida ao seu personagem com um entusiasmo que complementa a melancolia de Dunst.



Essa é a essência de "Guerra Civil": Garland desejava criar uma verdadeira declaração de amor ao poder do jornalismo, uma que capturasse a dedicação, o impacto, o sacrifício, a alegria e a emoção de relatar notícias cruciais.


Para transmitir essa mensagem, "Guerra Civil" adota uma abordagem visceralmente realista da violência, exibindo corpos sendo baleados, incendiados e explodidos. Isso torna a história mais angustiante por causa de quão real ela parece. Até esse ponto, o uso do som em Guerra Civil é simplesmente excepcional, com longos períodos de silêncio absoluto que aumentam a tensão, mas também ajudam a mostrar o quão acostumados os personagens estão à violência.



No momento em que o silêncio dá lugar aos sons ensurdecedores dos confrontos, torna-se tão assustador e comovente quanto qualquer filme de terror, usando efetivamente a guerra como um pesadelo. Isso é particularmente destacado quando o personagem de Jesse Plemons aparece, com o ator utilizando um visual sem expressão para oferecer uma performance aterrorizante e entrega a cena mais tensa da Guerra Civil.



Guerra Civil é um filme desafiador, emocionante e comovente que aborda a importância do jornalismo em períodos de conflito, além de explorar como facilmente nos tornamos insensíveis à violência quando a vivenciamos de perto. Alex Garland dá à história uma amplitude e um estilo visual dignos de produções de grande orçamento, mas mantém o foco na jornada dos personagens e em como a guerra os afeta profundamente. O filme é uma reflexão poderosa sobre os custos humanos da guerra e o papel vital que o jornalismo desempenha na busca pela verdade.



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