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Superman | Crítica sem Spoilers

  • Foto do escritor: Bruno Almeida
    Bruno Almeida
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

James Gunn assumiu a responsabilidade de dar o pontapé inicial no novo DCU com Superman, trazendo um filme que mistura leveza, carisma e uma surpreendente fidelidade ao espírito dos quadrinhos. Apostando num herói já estabelecido, Gunn evita os tropeços de recontar a origem do herói já conhecida por todos e simplifica uma história que respira otimismo, sem medo de se passar à luz do dia, literalmente.


Desde os primeiros minutos, é evidente o esforço de Gunn em se distanciar da estética sombria e melancólica que marcou a era Snyder. Aqui, o mundo é colorido e vibrante. Há uma confiança no heroísmo em sua forma mais pura, sem cinismo. Até mesmo nas sequências de ação mais intensas, como as que se passam em Metrópolis, a direção se preocupa em mostrar o Superman protegendo civis, minimizando danos e tomando decisões conscientes. O caos não é gratuito, e o impacto emocional é sentido justamente porque há consequência e cuidado, algo que faltava na abordagem anterior.

Como fã de longa data do personagem, é impossível não lembrar da elegância quase mitológica dos filmes dirigidos por Richard Donner, especialmente os impecáveis Superman I e II, que ainda hoje são marcos do gênero. Por outro lado, Superman - O Retorno chegou apático e sem vida, uma tentativa de resgatar a nostalgia que esqueceu de injetar o coração do personagem. Já a abordagem de Zack Snyder em O Homem de Aço me conquistou justamente por ser mais autoral, e isso não tem nada de errado. É uma obra diferente, para um público diferente, que tinha outra proposta estética e emocional. Comparar diretamente esses estilos seria injusto: cada um interpreta o íncone à sua maneira, e o mérito de Gunn está em oferecer uma abordagem mais leve, mais esperançosa, mas também válida.


David Corenswet convence como um Superman mais humano e acessível, guiado por valores simples como compaixão, gentileza e senso de dever. Rachel Brosnahan entrega uma Lois Lane afiada e espirituosa, enquanto Nicholas Hoult apresenta um Lex Luthor frio, silenciosamente atormentado, que se destaca por sua intensidade contida e por ser o personagem que mais se entrega emocionalmente do trio principal.

Entre os coadjuvantes, vale atenção especial para Senhor Incrível, vivido por Edi Gathegi, que funciona como um verdadeiro fio condutor da trama. Seu papel é essencial não apenas como suporte tecnológico e estratégico, mas também como figura que equilibra intelecto, moralidade e ação. Ao lado dele, Nathan Fillion brilha como Guy Gardner, o Lanterna Verde mais abusado e desbocado do grupo. Com seu sarcasmo afiado e temperamento imprevisível, ele rouba a cena sempre que aparece, sendo um dos elementos mais reais e cômicos do longa.

Já Krypto, o Supercão, tem presença marcante, e talvez até demais. Apesar de entregar momentos fofos e emocionalmente eficazes, em alguns pontos sua participação pode até parecer exagerada, agindo como um recurso narrativo fácil, que desfaz problemas quase como mágica. Isso enfraquece um pouco a tensão em momentos que poderiam ter sido mais bem explorados dramaticamente.

A construção do universo aposta em um tom mais leve e bem-humorado. A trilha é energizante, o clássico composto por John Williams aqui brilha, o ritmo é fluido, e a sensação geral é de um novo respiro para o futuro do DCU. Mas essa leveza cobra um preço alto: Há cenas que necessitavam de mais urgência ou gravidade, e Gunn opta por suavizar demais, deixando a sensação de que o perigo nunca é tão real quanto poderia ser. O sentimento é que ninguém parece estar realmente em um perigo "vida ou morte". O CGI aqui está sempre bem alinhado, percebemos alguns pequenos exageiros, mas nada que não fosse de se esperar de filme um como Superman.

Ainda assim, Superman é um recomeço promissor. James Gunn demonstra entender profundamente o espírito do personagem e entrega um longa que tem alma, tem coração, e não tem vergonha de ser colorido, emocional e brega às vezes. É um filme que une sua visão autoral com o melhor da essência dos quadrinhos, resultando em uma experiência cinematográfica leve, mas surpreendentemente significativa.

Mesmo com suas limitações e narrativa apressada, Superman emociona, diverte e, acima de tudo, reacende a chama do que significa ser um herói. Gunn não apenas resgata o símbolo da esperança, ele o reposiciona num mundo que anda cético, lembrando que idealismo e empatia ainda têm lugar no cinema de super-heróis. Se este é o alicerce do novo DCU, não estamos apenas diante de um recomeço promissor, mas de um universo que finalmente entende que ser grandioso não exige ser apenas sombrio, e que salvar o mundo também passa por olhar nos olhos de quem precisa ser salvo.


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