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O Exorcista: O Devoto | Crítica sem Spoilers

O novato diretor de Halloween consegue transformar o material aterrorizante em uma Blasfêmia a obra original.

Você deveria ficar empolgado. O demônio Pazuzu está de volta aos negócios em "O Exorcista: O Devoto", onde o longa retoma uma continuação do clássico de terror de 1973, ignorando duas sequências anteriores, dois prequels e uma série de TV que, na opinião do público, "nunca deveriam ter existido".


"O Devoto", por si só, foi vendido, divulgado e empurrado goela abaixo na mídia como a sequência direta do clássico de 1973, considerado por muitos fãs, inclusive eu, como o melhor filme de terror de todos os tempos. O filme original de William Friedkin, baseado no romance de William Peter Blatty, ainda assombra gerações 40 anos depois.

As notícias de um novo filme pulando as terríveis sequências chegaram em meados de 2022, quando o diretor David Gordon Green recebeu o sinal verde da Blumhouse para criar não apenas uma sequência, mas uma nova trilogia. Após o sucesso do revival de Halloween, o primeiro filme pelo menos, deram a esse jovem cineasta a oportunidade de fazer algo maior: um reboot-sequel deste filme que, como mencionei anteriormente, continua a assombrar gerações até hoje. Seu objetivo: criar um filme que respeitasse todo o legado de O Exorcista e que ganhasse um novo público.

Devo dizer que, como fã do original e defensor ferrenho do primeiro filme, fiquei cético. O filme original não envelheceu mal; os efeitos práticos ainda chocam. A forma de Friedkin desenvolver um filme quase como um documentário, e usar de ferramentas da época pra convencer os atores, usando armas de fogo, fora as lendas que permeiam o filme, já o deixam em outro patamar. Veteranos como eu e várias pessoas que discutem sobre o filme concordam que ele ainda é uma obra-prima. Então Porque mexer nesse vespeiro?


Antes de assistir ao novo filme, tive que rever o original. Confirmou o que eu já sabia: o filme é perfeito. No entanto, uma amiga fã do gênero levantou uma questão que me deixou curioso: qual era o elo entre um padre escavando no meio do deserto e uma descoberta que levaria a uma jovem em Georgetown brincando inocentemente com uma tábua de Ouija?

Essa conexão global parece ter sido a inspiração dos roteiristas e do próprio Green. Então, decidiram criar um fotógrafo em tempos de guerra, interpretado por Leslie Odom Jr., que se encontra no momento preciso em que algo sinistro acontece. Bum! Temos nossa ligação desta vez.

Ele volta para casa e, algum tempo depois, sua filha e uma amiga desaparecem numa floresta próxima na Geórgia. Três dias depois, elas reaparecem.


Eu, como fã da adaptação de Blatty, sabia para onde "O Devoto" seguiria, focar em famílias em pânico, exames médicos e, como de praxe, um padre. E para melhorar a situação, incluíram uma veterana, se posso chamar Ellen Burstyn assim.


Uma das coisas que mais me entristeceram nesse "Exorcista" foi que haviam dois atos aceitáveis. A história da família, o luto e a busca pelas meninas foram humanas, mas nunca tiveram o mesmo peso ou uma drástica mudança na vida de todos os personagens que de alguma maneira se envolvem na trama do clássico. Aqui arranham superfície no quesito de desenvolvimento de personagens.

O erro crasso aqui na versão de Peter Sattler e Green foi não conceber o "Exorcista" em seus roteiros como não apenas um filme de terror, mas sim um drama familiar, como uma mãe numa situação impossível lidaria com aquilo. O Exorcista de 73 já apresentava uma atmosfera pesada e cinzenta ao redor da personagem de Chris MacNeil e para nós espectadores, já sentíamos o desespero. O terror gráfico vem bem depois, mas o estrago emocional já está feito.


A parte que todos esperávamos que poderia salvar esse trem descarrilhado eram as cenas finais de exorcismo. Estávamos ansiosos por isso durante 1 hora e 30 minutos. É uma alegoria bem-feita, mas, se não tivéssemos passado por tudo aquilo, parece muito genérico.

Saí da sessão de cinema triste e profundamente decepcionado. Como faço parte de uma legião de fãs de horror, esse filme era nosso santo graal, sem exageros, e mesmo assim "O Exorcista: O Devoto" consegue estragar quase tudo, desde o legado até as cenas aterrorizantes. O filme deixa um gancho para o 2º filme da trilogia, mas duvido que vão seguir o mesmo caminho desta pobre e desrespeitada "sequencia".


Dói dizer isso, mas teria sido melhor ir ver o filme da Freira 2.


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