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Frozen 2 | Crítica

A tão esperada sequência do fenômeno musical animado de Chris Buck e Jennifer Lee em 2013 vê a rainha Elsa (Idina Menzel) sendo “perturbada” por um misterioso canto, cujo um assobio soprano a leva através da Floresta Encantada e do rio Ahtohallan para aprender a difícil verdade sobre o passado de sua família. O filme já se inicia com uma deliciosa canção de ninar, cantada pela Rainha Iduna (Evan Rachel Wood) – “All is found” – para suas duas queridas princesas em um pequeno flashback familiar. Durante o flashback, conseguimos entender um pouco da história dos pais de Elsa e Anna, e o passado da cidade de Arendelle.



Como o próprio boneco de neve, Olaf (Josh Gad), resume em uma cena hilária (e uma das minhas preferidas do filme!), Elsa fez as pazes com seus poderes no final do primeiro filme, quando descobriu que a chave para tudo isso era o amor. Agora, ela (mais poderosa) reina Arendelle, enquanto Anna (Kristen Bell) e Kristoff (Jonathan Groff) fornecem uma sensação familiar por meio de encontros para jogar mimicas (o famoso imagem e ação da galera).

A fórmula de Frozen combinava inteligentemente os sonhos expansivos e as ansiedades profundas vivenciadas por seus personagens, expressadas em diversas canções fabulosas (como a nossa ilustre "Let It Go”). A solidão induzida pela raiva que acompanha o poder de Elsa ou os medos primitivos de sua irmã, Anna, pela segurança de sua família não são obstáculos a serem superados, mas, sim, incorporados à narrativa. Em Frozen 2, a ideia é desenvolvida ainda mais, com as duas irmãs prometendo desfazer os danos causados ​​pelas gerações passadas, abordando delicadamente temas oportunos, como colonialismo e a crise climática. O solo de Anna, The Next Right Thing, defende o primeiro pequeno passo em direção à mudança, mesmo quando o futuro é incerto. Aqui, Kristen Bell mostra seu poder vocal ao “fazer a escolha de escutar aquela voz e fazer a próxima coisa certa”.



Frozen 2 tem uma autenticidade que o separa imediatamente de muitas outras sequências. Sua construção do mundo é significativa. A floresta encantada parece ter sido arrancada diretamente dos contos da mitologia nórdica. Nela, encontramos gigantes, runas, magia e uma tribo indígena, inspirada em uma tribo nativa da Noruega. Os diretores, Jennifer Lee e Chris Buck, fazem questão que todos os quadros sejam cuidadosamente detalhados e ricos em cores, como pode-se notar ao passar graciosamente das folhas de outono para o brilho rosado e arroxeado do fogo etéreo de uma das coisas mais fofinhas já vistas (certeza que vai render bastante Funkos, pelúcias e entre outras coisas – inclusive já estou aqui procurando por um pra mim), depois para as ondas cinzentas e tempestuosas do mar negro e os cristais de gelo cintilantes.


Certas sequências, aqui, são ainda mais espetaculares do que a cena, onde se cria o castelo de gelo de Elsa ao som de “Let It Go”, com o elenco agora mais confiantes para sair da realidade e entregar algo realmente impressionante. O roteiro de Lee também faz algumas escolhas ousadas e diferentes do que estamos acostumados a ver por aí (continuando o grande empoderamento de seu primeiro filme e a desvinculação da imagem masculina como o "salvador"). A roteirista expõe várias ideias convincentes: ambientalismo, reparações, exploração e como devemos enfrentar o passado. Tudo é vago o suficiente para ser aplicado a centenas de situações diferentes do mundo real, o que talvez o torne ainda mais poderoso, como uma ferramenta de aprendizado para as famílias.



No entanto, Frozen 2 não se perde em ambição sem raízes. Funciona, porque somos guiados por esse ambiente estranho e desconhecido pelas mãos firmes de Elsa, Anna, Kristoff, Sven e Olaf - personagens com os quais todos estamos muito familiarizados (ou, para alguns pais, irmãos ou irmãs, exaustivamente familiares) - e o elenco mergulha de volta em seus papéis, com atuações ainda mais divertidas e melhores.

Apesar de Elsa ser a principal protagonista do filme, Frozen 2 enfatiza e desenvolve muito bem seus outros personagens, a ponto de se destacarem tanto quanto nossa princesa congelante. De Olaf a Kristoff, nos deparamos com cada personagem praticamente tendo seu momento solo durante o filme. Definitivamente, a sequência é mais musical que seu predecessor. Com canções divertidas e com letras que facilmente ficarão na sua cabeça após ouvi-las, elas são tão poderosas, quanto as famosas “Let It Go” e “Do you wanna build a snowman?” – inclusive, existem pequenos momentos no filme que fazem divertidas referências às suas próprias canções e que, com certeza, alguns vão se familiarizar com a situação (Alo, pais!).


Frozen 2 pode ter crescido um pouco desde 2013 - assim como seus fãs -, mas não perdeu de vista o que fez o longa original: seu coração bondoso e espírito generoso, além de reformular os convencionalismos da renomada Disney. O longa ultrapassa as barreiras criadas pelo seu antecessor em diversos aspectos e prova que a continuação é tão boa e tão emocionante, quanto achávamos que iria ser.

Obs: A propósito, quem espera que a Disney finalmente dê um namorado a Elsa ficará desapontado - sua sexualidade ainda permanece intencionalmente obscura. Sorry!




Por: Priscila Melo

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