Faça Ela Voltar | Crítica sem Spoilers
- Bruno Almeida

- 21 de ago.
- 2 min de leitura

Faça Ela Voltar chega como um respiro arrepiante ao terror atual, em um ano com uma enxurrada de filmes de terror, como Extermínio e o bem mais original A Hora do Mal. Neste contexto, o filme se aprofunda no terror psicológico clássico, com influências até do cinema sul-coreano, mesclando horror sobrenatural, found footage e a atmosfera sombria de magia negra sem se render a sustos fáceis ou conveniências de roteiro. Os Irmãos Philippou demonstram coragem ao explorar o abismo emocional do luto, construindo um filme que se sustenta na tensão constante e na interpretação poderosa de Sally Hawkins como Laura, a mãe adotiva cujo amor vira obsessão.

A narrativa, conduzida com ritmo frenético, acompanha Andy (Billy Barratt) e sua irmã Piper (Sora Wong), adolescentes órfãos que passam a viver sob os cuidados de Laura. Andy se destaca pela coragem e sensibilidade, tentando proteger a irmã e lidar com a própria vulnerabilidade, enquanto Piper, que é cega, traz uma perspectiva única, sensível e intuitiva da realidade ao redor, tornando cada cena mais tensa e emocionalmente carregada. O uso de elementos de found footage, fitas caseiras, imagens granuladas e registros fragmentados adiciona veracidade e choque psicológico, dando ao longa um frescor que remete aos clássicos do gênero. A atmosfera é construída com detalhes incômodos, vídeos perturbadores, silêncios carregados e gestos inquietantes, mantendo o espectador em constante estado de alerta.

Sally Hawkins é de longe o grande destaque. Sua performance equilibra fragilidade, manipulação e desespero, tornando Laura uma figura que inspira empatia e repulsa ao mesmo tempo. Hawkins transforma nuances em algo perturbador, intercalando momentos de carinho e tensão com naturalidade. Barratt e Wong entregam performances genuínas e comoventes, sustentando o núcleo emocional do filme e tornando a jornada deles profundamente impactante.

Tecnicamente, o filme impressiona pela fotografia, que aposta em contrastes fortes e sombras densas, reforçando a sensação de isolamento. A montagem alterna fluidez e cortes bruscos, ampliando o desconforto, enquanto o design de som, de sussurros abafados a silêncios quase insuportáveis, potencializa cada cena. Não é um terror feito de jumpscares, mas de uma construção psicológica lenta, onde o medo cresce junto conosco.

Se a linguagem ambígua pode frustrar quem busca explicações mais lógicas, esse desconforto é justamente parte da experiência, apesar de que em alguns momentos realmente pareça que eles forçam um pouco a mão na complexidade, principalmente no 3º ato.
Faça Ela Voltar transforma insegurança, trauma e vulnerabilidade em instrumentos de tortura emocional, que não apenas assustam, mas deixam cicatrizes profundas.


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