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Clímax | Crítica

O diretor Gaspar Noé faz uma obra de arte e coloca o espectador aprisionado em um ambiente hostil e não o deixa sair apesar das angústias, dos gritos e das sensações de desespero. O pensamento principal em Clímax é o de despertar de um pesadelo e livrar-se de uma incessante carga de luzes vermelhas, deformando a realidade do ambiente e aumentando todo o terror.

Noé possui apenas seis longas-metragens no currículo, e criou a sua própria identidade, marcada por produções como Irreversível (2002), Viagem Lucinante (2009) e Love (2015). Suas obras possuem o poder de extrair o público do cinema, em alguns casos literalmente, mas principalmente por levá-lo a ter experiências além da sua própria existência e provar sensações e momentos através do clima apresentado na tela e causar uma perturbação devastadora nos pensamentos.

O enredo mostra o inverno francês de 1996, onde uma companhia de dança se instala em um alojamento para ensaiar. Dançarinos de vogue, krump e waack juntam-se para criar uma coreografia que força os limites do corpo e da razão, com cenas filmadas de forma que o público se sinta convidado a entrar na roda para exibir suas capacidades. Após o ensaio, faz-se a comemoração. A sangria é a bebida escolhida, todos começam a conversar entre si. O tempo vai passando e a sensação coletiva de que alguma coisa não está correta começa a assombrá-los. A bebida foi misturada e então começa a investigação para saber quem fez a brincadeira e ao mesmo tempo lidar com os efeitos inconstantes da mistura entre álcool, LSD e o barulho ensurdecedor que permeia o ambiente.

O longa não possui um protagonismo explícito, porém quem mais chega perto disso é a intrigante Selva (Sofia Boutella), que se relaciona com o maior número de personagens da história. Antes do conflito surgir e a trama principal se instalar, os dançarinos são apresentados através de momentos de entrevistas, longos planos de danças e expressões corporais, e através de conversas improvisadas entre os personagens, sobre diversos assuntos, principalmente sexo, uma característica marcante nos filmes de Gaspar Noé.

Climax é muito mais que uma discreta produção francesa e belga de orçamento limitado a um único cenário e atores desconhecidos. É um convite crítico aos costumes e comportamentos diante de situações inesperadas. É uma lição e aprendizagem sobre tolerância e respeito que mostra ao público que ainda, em sua maioria, carrega a marca da hipocrisia. Vale a pena conferir.


Por Moezio Vasconcellos


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