A Longa Marcha: Caminhe ou Morra | Critica sem Spoiler
- Monnique Machado
- há 7 dias
- 2 min de leitura
O filme é uma adaptação da obra escrita pelo mestre o horror, Stephen King, sob o pseudônimo Richard Bachman, entrega uma experiência intensa que se apoia no psicológico mais do que na ação explícita. Mesmo trabalhando com uma premissa aparentemente simples, jovens obrigados a caminhar até a exaustão sob pena de morte, o filme se constrói sobre os detalhes humanos, a degradação física e a inevitável ruptura emocional.

O elenco principal abraça bem a carga dramática, especialmente o protagonista Ray Garraty (Cooper Hoffman), que equilibra fragilidade e resistência. Os diálogos curtos e a repetição das situações exigem uma atuação muito física e sutil, o que Ben Wang, Charlie Plummer e Joshua Odjick fazem muito bem, transmitindo tensão apenas pelo olhar e postura. Contudo, há momentos em que atuações secundárias escorregam para o estereótipo, perdendo a força emocional necessária para sustentar a narrativa.

A fotografia é um dos elementos mais marcantes. A utilização de paisagens abertas e longos planos transmite sensações de solidão, desgaste e infinidade. As cores desaturada reforça o tom distópico, enquanto a câmera geralmente acompanha os personagens na altura do corpo, criando a sensação de estar marchando com eles.

O roteiro opta por preservar o ritmo constante e angustiante do livro, o que pode dividir o público: enquanto alguns apreciarão a fidelidade e a atmosfera crescente de tensão, outros sentirão falta de uma progressão mais dinâmica. Os diálogos são econômicos, mas a atmosfera mostra mais, revelando críticas sociais, desumanização do entretenimento e a alienação coletiva. Temas bastante presentes na obra de King. Entretanto, em certos momentos falta ousadia na adaptação, que as vezes parece repetitiva. Não explorando personagens que poderiam se tornar mais interessantes como é o caso do Major, principalmente tendo em vista que temos Mark Hamill no papel.

A obra faz referencias claras a outras histórias do autor. A crítica ao espetáculo violento e à exploração do sofrimento humano remete diretamente a O Sobrevivente. A atmosfera opressiva e a sensação de aprisionamento psicológico lembram O Nevoeiro e até momentos de O Iluminado, especialmente quando a sanidade dos personagens começa a ruir. A presença de uma autoridade invisível, observadora e impiedosa, também dialoga com a sensação de fatalismo presente em Cujo.

Por fim, o filme é uma adaptação corajosa por não recorrer a clichês de ação ou terror gráfico, preferindo manter-se fiel à introspecção e ao desgaste psicológico da obra original. Ainda que nem todos os elementos alcancem seu máximo potencial, especialmente a profundidade de alguns coadjuvantes e a repetição narrativa. O filme trás um excelente clima de tenção, a crítica social e a experiência sensorial.
Mas acredito que o filme deve agradar mais aos fãs dos livros de Stephen king e a amantes das historias distópicas que focam na condição humana, do que no público que busca ritmo acelerado ou reviravoltas tradicionais.


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